A ansiedade antes de começar a prova. A sensação legal de descobrir uma coisa nova. As brincadeiras na hora dos trabalhos em grupo. Se você é – ou já foi – estudante, sabe bem do que estamos falando. Ser estudante é, sem dúvida, uma das melhores fases da vida, embora, agora, você possa não perceber isso e deseje que o tempo passe rápido para sair da escola. Acredite, até mesmo essa sensação tem tudo a ver com ser estudante!
Se tem coisas que não mudam, com o passar do tempo, muitos outros aspectos ligados à rotina dos estudantes se modificaram nos últimos tempos e tiveram um ‘empurrão’ com as aulas a distância, por conta da pandemia do coronavírus. Na edição de hoje, quando se comemora o Dia do Estudante, falamos sobre a relação com a tecnologia e como ela virou uma aliada ‘dos novos estudantes’, na hora de aprender. Boa leitura!
Tecnologia, uma aliada na hora de estudar
O uso de programas e aplicativos deixou de ser apenas uma forma de diversão para se tornar aliado dos estudos. As ferramentas digitais facilitam na hora de aprender as disciplinas mais complicadas e até mesmo um novo idioma – considerado um tabu para algumas pessoas.
Para despertar o interesse dos alunos, a professora Marina de Oliveira, 26 anos, adota métodos diferentes para ensinar o inglês. “Já trabalhei em escolas de idiomas e percebi que nem sempre o livro didático é a melhor opção”, observa a profissional, que é licenciada em Letras/Inglês e pós-graduada em Metodologia de Ensino.
Ela costuma conversar com os alunos para entender quais as preferências e necessidades de cada um para depois elaborar um método de estudo. Durante as aulas, a profe apresenta vídeos de curiosidades e entrevistas, filmes, músicas e jogos de tabuleiro – sendo que os dois últimos são os mais solicitados pelos alunos.
Além disso, utiliza gramática da língua inglesa e materiais do portal virtual da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde concluiu a graduação. Contudo, é por meio dos aplicativos que ela mais atrai a gurizada que quer aprender o inglês. O Tik Tok, Drops, Duolingo e Lingue são alguns dos aplicativos que a professora utiliza para transmitir o conteúdo de uma maneira mais atrativa.
As redes sociais também fazem parte da rotina de trabalho, principalmente o Instagram. Por meio dele, a teacher faz a divulgação do trabalho e publica dicas de gramática, gírias e curiosidades que ocorrem pelo mundo. “Este método é importante para tentar uma maior proximidade do aluno com o inglês. Algumas pessoas têm frustração quando estão em contato com um novo idioma, já outras possuem um domínio maior. Desta forma, consigo adaptar as aulas para cada um”, explica.
Aulas criativas despertam a curiosidade
A estudante Antônia Francisca Mylius da Trindade, 11 anos, é suspeita a falar sobre o método adotado pela professora Marina. Há aproximadamente 2 anos, ela começou a fazer aulas particulares de inglês. A aluna do 6º ano do Colégio Bom Jesus afirma que tem facilidade com o idioma, mas decidiu fazer curso extra para aprimorar a língua. “Gosto muito das aulas particulares. A professora traz coisas diferentes, como música, séries e jogos. Desta forma, a gente se interessa mais”, destaca a aluna, que já entende e conversa em inglês.
Além das aulas particulares, Antônia concilia os estudos com o inglês ensinado na escola. “Às vezes, o meu tema é relacionado com aquilo que eu já trabalho na escola, para não fugir muito do assunto. Gosto muito de fazer a atividade de ouvir música e completar com as palavras. Este exercício melhora a pronúncia e a escrita”, diz a estudante.
Antônia faz uma maratona para conciliar os compromissos escolares e praticar o idioma. Todos os dias, levanta antes das 8h para assistir às aulas on-line da escola, que se estendem até o meio-dia. Depois do almoço, ela assiste à Netflix e pratica aulas de vôlei com as amigas. Depois dos jogos, a menina faz as atividades do curso de inglês e ainda costuma ler antes de dormir. “Tento seguir um cronograma de estudos”, afirma.
Fera em tecnologia
Desde que as aulas foram suspensas, por conta do coronavírus, Antônia passou a assistir às aulas on-line, por meio da plataforma do Google Meet. Em alguns momentos, inclusive, a garota que sempre gostou de tecnologia dá dicas para os professores da escola.
“As aulas presencias tinham mais emoção. Agora temos como interagir, mas não é a mesma coisa. Meu tempo em frente das telas da TV, do celular e do computador triplicou durante a pandemia”, observa a estudante, que também possui uma conta no Instagram para postar os resumos dos estudos e trocar experiências com as colegas de aula.
Incentivo à autonomia
Com a tecnologia em mãos, os alunos conseguem ter mais liberdade para fazer pesquisas e procurar ajuda sobre conteúdos da aula. Conforme o diretor do Colégio Gaspar Silveira Martins, Tiago Becker, atualmente, por conta da pandemia do coronavírus, os alunos têm aulas on-line, com presença direta dos colegas e professoras e, às vezes, trabalhos de pesquisa feitos com auxílio indireto do docente. “Isso resulta em autonomia para eles administrarem o tempo. Sei de alunos que estão estudando na madrugada, porque acham melhor para se concentrar. Essa liberdade é ótima para a construção deles.”
Com isso, o aluno também pode escolher o melhor lugar e hora para estudar. “Sabemos que, na sala de aula, alguns demoram mais, outros menos. Isso é melhor em casa, pois cada um pode fazer no seu tempo, sem pressão. Quem tem dificuldade em matemática, por exemplo, terá o tempo necessário para se concentrar e resolver o problema e, se for preciso, pode chamar o professor ou tirar dúvidas nas aulas on-line”, exemplifica.
O professor percebe que a conectividade já era avançada, mas, nesses últimos meses, evoluiu de uma forma que levaria anos, se não fosse a necessidade. Antes, o aluno já era conectado, mas com entretenimento, e agora ele precisou se reeducar para usar a internet para estudos, também. “Com a pandemia, ele se conectou com a educação, algo que acontecia , mas com menos frequência.”
“A educação não pode parar, então as escolas tiveram que achar meios digitais de se readequar, neste período de pandemia. No entanto, se isso fosse há 10 anos, não seria possível, pois a tecnologia não era tão avançada.”
TIAGO BECKER – Diretor do Colégio Gaspar Silveira Martins
Estudante
Para a estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Gaspar, Alícia Geller Sulzbach, 18 anos, a tecnologia é uma aliada dos estudos. A jovem passou pela transição da tecnologia, pois, quando iniciou na escola, era um pouco diferente dos dias atuais.
Ela acredita que a mudança ocorreu porque os alunos estavam vivendo em meio à tecnologia. “Os professores pediam sugestões e exemplos sobre assuntos da aula e nós trazíamos coisas do YouTube, Facebook e Instagram, então eles procuraram buscar e conhecer esses meios de aprender conteúdos também.”
Durante a pandemia, a internet ajudou muito para que Alícia e os colegas continuassem estudando. “Se não fosse isso não teria aula. O aluno que tivesse condições poderia contratar um professor particular, mas os outros ficariam sem aprender”, observa. Ela também diz que, com isso, os professores precisaram se atualizar ainda mais. “Os mais antigos pedem ajuda para os mais novos e isso é legal.” A estudante vê que os docentes estão empenhados em aprender com a internet. “Eles mandam vídeos e pedem feedback se ficou bom ou sobre o que precisa melhorar”, conclui.
Se liga
Mesmo com a tecnologia sendo usada diariamente para estudos, é necessário trabalhar o limite da internet: saber em quais sites confiar, quanto tempo usar e também cuidar com o uso das redes sociais.
O professor Tiago Becker comenta que existe uma infinidade de canais no Youtube que ensinam e auxiliam na aprendizagem do aluno, assim como ocorre com outras redes sociais. Cada pessoa se adapta à linguagem que mais se identifica. “No Google, conseguimos respostas para tudo, mas temos que cuidar se o conteúdo condiz com o que a professora está passando em aula, para não se confundir mais”, orienta.
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