Pequenos empreendedores movimentam a economia de Mato Leitão

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Município de porte e população pequena, Mato Leitão se destaca em diversas áreas. Uma delas é a aposta na criação de novos negócios. Segundo dados da Prefeitura, das 437 empresas existentes no município, até o fim de 2019, 207 eram Microempreendedores Individuais (MEIs), o que representa cerca de 47,3%. Os ramos que mais têm microempreendedores atuando são o da construção civil, seguido pelo comércio e depois por profissionais que atuam como domésticas.

De acordo com a fiscal da Prefeitura, Lisandre Thomas, desde que surgiu o MEI, muitas pessoas conseguiram regularizar as situações de trabalho, por isso, pode ter acontecido um crescimento no número de microempreendedores no município. Joana Weber, que também atua como fiscal, também ressalta essa oportunidade.

Pedreiro há quase 20 anos, Ismael Leandro Bienert, 37 anos, é exemplo de quem optou por abrir um MEI para manter as atividades de trabalho. O morador do Centro conta que, antes de ser microempreendedor individual, trabalhou como empregado e chegou a ser autônomo durante um tempo. No entanto, abrir o MEI se tornou a melhor opção.

Para ele, ter o próprio negócio possibilita maior flexibilidade de horários e escolher os lugares onde trabalhará. Bienert presta serviços tanto na cidade quanto no interior de Mato Leitão e de Venâncio Aires. Dependendo das necessidades de cada obra, o pedreiro trabalha com os irmãos Sadi Bienert, 41 anos, e Edson Cesar Bienert, 44, anos, que também são microempreendedores individuais na área da construção civil.

Ismael Bienert atua há quase 20 anos como pedreiro e optou pelo MEI para regularizar as atividades do trabalho (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

De pai para filha

Microempreendedora individual, a fotógrafa Joseline Bitsch, 37 anos, herdou a profissão do pai, Inácio Bitsch. Antes de se dedicar à fotografia, ela estagiou por cerca de um ano na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vó Olga durante o período em que cursou Pedagogia.

Depois disso, trabalhou como funcionária em uma empresa de Informática e foi sócia de uma empresa de decoração. Quando o pai decidiu encerrar as atividades relacionadas à fotografia, ela, que já o auxiliava nas edições de imagens, resolveu assumir a Foto Bitsch. “Me inspirei nele. É uma profissão de família, tenho tios que também trabalham na área”, compartilha.

Ela atua com fotografias externas, de eventos e de estúdio. “Estou sempre fazendo cursos de aperfeiçoamento, procurando qualificar o trabalho que realizo”, destaca. Para ela, ter o negócio próprio também é importante por causa da flexibilidade de horários, mas se torna um desafio do ponto de vista financeiro. “Precisa sempre pensar nas despesas do mês seguinte”, comenta.

Joseline é microempreendedora e atua no ramo da fotografia, dando continuidade ao negócio dos pais (Foto: Manoela Becker/Divulgação)

Segundo Joseline, que também é colunista da Folha de Mato Leitão, a tradição do negócio fundado pelos pais há 34 anos é um facilitador para que a empresa continue crescendo. Além disso, ela conta com a ajuda da família no desempenho das atividades. Inclusive, o pai Inácio a auxilia com fotos em eventos realizados nos fins de semana. A mãe, Leane Inês Theisen Bitsch, e a filha, Manoela Bitsch Becker, também colaboram com o negócio quando há necessidade. “É uma empresa familiar”, acrescenta.

Por causa da pandemia, a fotógrafa observa que o negócio foi afetado, principalmente, por causa do adiamento das festas, como de aniversário e primeira eucaristia. Por essa razão, ela apostou mais nas produções fotográficas feitas em estúdio.

Formalização dos negócios

Para a economista e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cíntia Agostini, o número expressivo de microempreendedores individuais é uma característica que surge a partir da formalização dos negócios. Ela observa que, desde 2009, muitas pessoas que estavam informais encontraram no MEI a possibilidade de se regularizar. Ela ainda ressalta que essa é uma alternativa de baixo custo e fácil acesso.

“Não necessariamente é característica de município pequeno, mas de sociedades que têm pequenos empreendedores, pequenos negócios e que não são todos eles vinculados à agricultura familiar ou a outras áreas que não possam abrir MEIs”, observa. Ela ainda lembra que Mato Leitão tem um perfil rural, mas no município já existe uma aproximação com uma dinâmica comercial, de serviços e industrial.

“A quantidade de MEIs mostra que os negócios estão formalizados e aí tem uma contribuição do microempreendedor e depois um benefício que ele pode receber ali na frente. Mostra uma dimensão muito positiva quando se olha o contexto municipal. Essa formalização é muito interessante”, avalia. Em relação ao apoio da família, ela ressalta que muitas vezes é possível aumentar o negócio quando se tem esse suporte, uma vez que isso possibilita o atendimento de um número maior de clientes.

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Negócio em processo de crescimento

Moradora de Vila Santo Antônio, no interior de Mato Leitão, Daniela Fagundes da Silva, 34 anos, mais conhecida como Kika, resolveu, há três anos, a partir da ideia do marido Ezequiel Bender, 38 anos, abrir uma padaria na localidade. Para isso, ela criou um MEI. “Eu já vinha fazendo tortas e salgados em casa sob encomenda. Então, resolvemos investir. Meu marido trabalha na área de vendas há bastante tempo e isso também influenciou”, conta.

Antes de abrir o próprio negócio, Daniela nunca tinha trabalhado com o ramo da alimentação. Foi em cursos ofertados pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Mato Leitão, na área de padaria, que ela viu a oportunidade de aprender mais sobre esse setor. “Fiz os cursos e passei a fazer tudo em casa. Seguimos devagar, com passos pequenos, tudo bem planejado, trabalhando duro, de segunda a segunda. Conquistamos nossos fregueses com muita dedicação e muito empenho.”

Daniela, o marido Ezequiel, a mãe Leni e a dela filha Mariana Fagundes da Silva Severo (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

A empreendedora também ressalta que conta muito com a ajuda da mãe, Leni Frohbose Tonezer, e do marido, que segue trabalhando como representante comercial, mas nos fins de semana a auxilia. “Negócio familiar é assim. Se não, não cresce”, avalia. Em relação ao local para abrir o negócio, ela salienta que sempre morou em Vila Santo Antônio, por isso é conhecida na localidade. “Acompanhei desde sempre a evolução do município, que é um lugar próspero e bom de investir”, complementa.

Há cerca de 20 dias, Daniela migrou para o Simples Nacional, porque o MEI não é mais suficiente para o seu negócio. Agora, o estabelecimento que se chamava Padaria e Confeitaria Doces e Salgados passará a ser denominado Kika Supermercado e ela fará a contratação de uma funcionária. “Foi melhor que a gente esperava. Estamos em processo de crescimento”, diz. Ezequiel ainda observa que o mercado está muito instável no momento, mas que eles sempre procuram as melhores condições de preços e qualidade de atendimento para os clientes.

“Acreditamos em nós, no nosso trabalho e seguimos em frente sempre. Desafios existem todos os dias e continuarão a existir, mas é preciso deles para que possamos sempre melhorar e evoluir. De alguma forma, todos fomos atingidos por essa pandemia, temos que ter o jogo de cintura sempre e driblar as situações difíceis e superá-las.”

DANIELA FAGUNDES DA SILVA – Empreendedora

Sobre o MEI

  • Segundo o contador Marcelo Schuck, do escritório Mapa Contabilidade, qualquer pessoa maior de idade pode se tornar um Microempreendedor Individual (MEI), desde que não seja sócio de outra empresa. Para isso, é preciso fazer o cadastro em www.portaldoempreendedor.gov.br.
  • O microempreendedor não pode ter sócio e pode contratar somente um funcionário.
  • Conforme o contador, a abertura de MEI é gratuita, mas cada município tem sua regra quanto à cobrança de taxa de alvará. “Mensalmente o MEI terá o valor fixo a pagar. Sendo somente comércio é R$ 53,25. Se tiver atividade de prestação de serviços o valor será de R$ 57,25. Neste valor está incluso o INSS, assegurando ao MEI assistência previdenciária”, explica.
  • Schuck ainda observa que anualmente, o microempreendedor individual precisa fazer sua declaração diretamente no site do Simples Nacional, onde informará o faturamento do ano anterior e se tem empregado. “Algumas atividades são impedidas de serem optantes do MEI. Por isso, é bom ter cuidado na hora de fazer o cadastro. O faturamento anual é até R$ 81.000”, complementa.

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