Emef Santo Antônio de Pádua completa 60 anos em Mato Leitão 

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Localizada no ‘coração’ de Vila Santo Antônio, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua (SAP) completou 60 anos de história na terça-feira, 15. A instituição de ensino, que é a maior da rede municipal, atende estudantes a partir do nível 5, da Educação Infantil (pré-escola) até o 9º ano do Ensino Fundamental, totalizando 265 alunos.

Para a atual diretora da instituição, Cátia Roberta Vogt da Rosa, o sentimento de estar à frente da escola no ano em que ela completa 60 anos é de gratidão. A educadora iniciou a trajetória junto à SAP em 2001, como professora, e, em 2009, ocupou pela primeira vez o cargo de diretora.

“Indiferente de ser como professora ou diretora, o sentimento é de gratidão por estar trabalhando na escola e fazer parte da história e da caminhada que ela tem”, destaca. Ela considera o grupo de profissionais da instituição diferenciado, em especial no que diz respeito aos vínculos e à filosofia da escola.

Localizada no ‘coração’ de Vila Santo Antônio, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua (SAP) completou 60 anos
Prédio de madeira que abrigou a primeira escola comunitária de Vila Santo Antônio (Foto: Arquivo pessoal)

“O conhecimento precisa estar em primeiro lugar em uma escola. Porém, também trabalhamos para formar seres humanos melhores. Além da aprendizagem, consideramos como o estudante está no emocional, no ambiente familiar e como ele está se sentindo em relação à escola”, explica.

Localizada no ‘coração’ de Vila Santo Antônio, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua (SAP) completou 60 anos“A escola Santo Antônio é a referência de Vila Santo Antônio. Ela é um ponto de união da comunidade. Além de ela ser um centro educacional, ela tem um papel muito comunitário. Não consigo pensar na Vila Santo Antônio sem a escola.”

CÁTIA ROBERTA VOGT DA ROSA – Diretora

Dos destaques da escola, Cátia menciona a estrutura física – o ginásio, a pista de atletismo e os prédios amplos. Na área pedagógica, ela cita a educação em tempo integral, oferecida do nível 5 até o 5º ano. Ela ainda observa que a SAP costuma participar de muitos projetos, que garantem respaldo pedagógico aos profissionais e estudantes. Como principal marco dos 60 anos de existência do educandário, Cátia elenca a municipalização da instituição de ensino, que ocorreu em 1998.

Além da gratidão, Cátia observa que existe um sentimento de melancolia por, neste ano, que seria de festa, não ser possível estar próximo dos estudantes, em função da pandemia da Covid-19. “Agradeço ao amor que muitos têm pela escola: os funcionários, os professores, as famílias e os alunos”, salienta.

Papel comunitário

Para a diretora, a escola é um ponto de união na comunidade de Vila Santo Antônio. De acordo ela, em todas as edições da Festa do Colono Imigrante realizadas na localidade, a escola, enquanto Associação de Pais e Mestres (APM), esteve presente durante a organização. Além disso, ela observa que a instituição está sempre aberta para os moradores.

Como exemplo, ela menciona o uso da pista de atletismo e do ginásio para a prática esportiva, e da pracinha para momentos de recreação das crianças. “É uma referência, além de ser um lugar no qual eles confiam para deixar suas crianças.” Cátia também relata que o cuidado da comunidade com a escola é permanente. “Não vemos vandalismo ou pessoas depredando. Percebemos uma preocupação da comunidade, avalia.

“É um orgulho ter um convívio quase diário com a escola”

Vizinho da Emef Santo Antônio de Pádua, o presidente da Associação de Pais e Mestres (APM) da instituição, Fabiano Antônio Theisen, 44 anos, iniciou a caminhada junto ao educandário ainda na infância, quando foi aluno da escola. Hoje, além de estar à frente da Associação de Pais e Mestres, ele tem o filho Michell Eduardo Decker Theisen, 12 anos, estuando no local.

O microempreendedor individual compartilha que, antes de presidir a APM da SAP, já participava da vida da escola prestando alguns serviços para o local. Além disso, por a família sempre teve relação com a escola. O pai Almiro João Theisen (já falecido) por exemplo, foi presidente da APM de 1974 a 1981.

Para Theisen, dois pontos marcantes em relação à escola são a criação do Festicanto e a instalação do ginásio de esportes. Como diferencial, ele cita a evolução da instituição de ensino. “Acompanhar todo o crescimento da escola é bem interessante, em especial no que diz respeito à estrutura física e de suporte para o aluno.” Nesse sentido ele menciona as oferta de oficinas que capacitam o estudante. “São várias opções para o desenvolvimento da criança”, avalia.

Localizada no ‘coração’ de Vila Santo Antônio, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua (SAP) completou 60 anos
Fabiano Theisen, que já foi aluno da SAP, atualmente é pai de um estudante e preside a APM da escola (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Ele comenta sobre o amplo e qualificado quadro de profissionais e ressalta que a oferta do tempo integral é uma conquista. Outro marco é a pista de atletismo, que garante destaque regional e estadual para a instituição. “É um orgulho fazer parte do convívio quase diário com a escola. É um motivo de satisfação também conseguir colaborar com ela enquanto profissional”, relata.

Para o morador de Vila Santo Antônio, a qualidade da escola tanto em relação à estrutura física quanto pedagógica faz parte de um ciclo que teve início com municipalização. “A escola oferece suporte para a dificuldade de cada aluno. É uma tranquilidade para as famílias ter a parceria com ela”, salienta.

“Me sinto uma raiz da escola Santo Antônio”, diz tia Marcia

Quem também não esconde o orgulho por fazer parte da história da Emef Santo Antônio de Pádua é Marcia Inês Lenhart, 57 anos. Nas várias lembranças que guarda da SAP, ela menciona o início da atuação como merendeira concursada, em 1990. Segundo Marcia, nessa época, a estrutura da escola era muito precária.

A merenda, por exemplo, era preparada em um fogão a lenha velho e em panelas simples. O espaço do refeitório também era pequeno. Por isso, as crianças eram divididas em grupos. Foi a tia Marcia, como ela carinhosamente conhecida, que acrescentou o pão ao cardápio. O alimento era assado na sua casa, uma vez que a residência ficava nas proximidades da instituição de ensino.

De acordo com a ex-funcionária, em 1997, quando a comunidade de Vila Santo Antônio ganhou o ginásio de esportes, conhecido como Tonhão, a escola passou a usar a estrutura para realizar atividades. Tanto que a Prefeitura passou a administração do local para a APM da instituição.

Marcia também lembra que, com a municipalização da escola, foi necessário usar o espaço da Sociedade Cultural, Esportiva e Recreativa Santo Antônio (Socersa) para servir a refeição dos estudantes, já que o número de alunos aumentou. Depois, por causa dos perigos de atravessar a rua, o ginásio passou a ser utilizado durante o horário da merenda. “De um lado, as crianças brincavam e do outro eram colocadas as mesas do refeitório”, recorda.

Com o intuito de angariar fundos para a instituição de ensino, em 1999, durante uma reunião da APM, Marcia deu a ideia de a escola criar o Festicanto – evento de abrangência regional que segue sendo realizado até hoje. “Eu tinha vontade que ele crescesse, mas nunca imaginei que chegaria ao tamanho que tem hoje. Sou fã número um. Não perco um”, ressalta a moradora de Vila Santo Antônio.

Ex-funcionária da escola, Marcia Lenhart é vizinha da SAP e vive a rotina do local diariamente (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Marcia também relembra a construção do refeitório na escola, o que é visto por ela como uma grande conquista. “Eu vi a escola crescer. Começou pequena para hoje ser essa gigante.” Além de ter sido funcionária da SAP, Marcia foi aluna da instituição, os dois filhos e a neta frequentaram o local e a filha mais velha ainda trabalhou na instituição. Além disso, a aposentada mora ao lado do educandário. “Me sinto uma raiz da escola Santo Antônio, porque ela me abraça. Moro, bem dizer, dentro dela. Eu vivo a escola todos os dias”, destaca.

Mesmo depois que precisou sair da instituição para atuar em uma escola estadual, em função do concurso público que havia passado, a moradora da localidade seguiu vivendo a rotina da escola. “Às vezes as pessoas me perguntam ‘Marcia como tu consegue com esse barulho?’ Daí eu digo ‘Pra mim, é música para os ouvidos’. Eu fico deprimida quando tem férias e eu não escuto o barulho das crianças”, compartilha.

A tia Marcia também se sente muito feliz por ser chamada assim, especialmente pelos ex-alunos. “Me sinto uma mãe de cada aluno que passou ali na escola desde 1990 até 2005, quando eu sai.” Inclusive, o dia da despedida foi muito difícil para ela. “Achei que iria entrar em depressão de tanta falta que senti da escola, porque eu cresci com ela. Tenho muito amor pela escola Santo Antônio”, acrescenta. Para Marcia, a comunidade vive através da SAP. “A comunidade Santo Antônio não existe sem a escola SAP. Temos também a pista de atletismo que é um cartão-postal.”

A primeira diretora após a municipalização

Um marco para a escola Santo Antônio de Pádua, a municipalização representou o crescimento da estrutura física e em número de alunos. A primeira diretora após esse processo foi a professora Loraci de Borba de Carvalho, 56 anos. Após a aposentadoria da diretora Valéria Rüdiger, assumiu a função, mas continuou lecionando durante um turno.

Loraci recorda que, após assumir como diretora, a Administração Municipal deu início a diversas reuniões para discutir municipalização da escola. “A cada ano, era implementada uma série. Com essa ampliação de turmas, também foi preciso aumentar a estrutura física da escola. Por isso, a cada ano era feita a inauguração de uma sala nova. Foi um momento muito gratificante ver a nossa comunidade crescendo dessa maneira. Até hoje a gente se orgulha da nossa escola polo”, ressalta.

Em 2005, quando precisou se despedir da Emef Santo Antônio de Pádua para atuar em uma escola estadual, Loraci deixou os dois filhos estudando no local e seguiu com um carinho muito especial pela escola. “Saí com orgulho. Trabalhamos para o bem da nossa comunidade. Fizemos o melhor que pudemos. Digo nós, porque não fui eu sozinha. Foi toda a equipe e os pais dos alunos”, observa. Mesmos após a saída, a ex-diretora, que atualmente leciona no Colégio Estadual Poncho Verde, seguiu, na medida do possível, acompanhando a participando das atividades da SAP.

Loraci também foi aluna da Santo Antônio de Pádua e ressalta que a escola fez toda a diferença para que ela desse seguimento aos estudos. “Sou professora hoje porque os meus professores na época que eu estudava me incentivaram a continuar.”

“Tenho muito orgulho de ter sido aluna, professora e depois passar para a direção. Também tive a oportunidade de dar aula para os meus filhos. Toda vez que passo na frente, tenho que olhar para minha escola. Só tenho coisas boas para lembrar. É um orgulho dizer que eu já fiz parte dessa história”, afirma.

LORACI DE BORBA DE CARVALHO – Ex-diretora

De ex-aluna a professora da SAP

A história de Susana Isabel Bonorny, 52 anos, com a Emef Santo Antônio de Pádua iniciou quando ela era estudante do local. A professora recorda que, quando começou a estudar na instituição de ensino, as aulas aconteciam em um prédio de madeira, onde também estava instalada a cozinha do educandário. A merenda, segundo ela, era muito diferente da que é servida hoje em dia.

Susana estudou na SAP até a 5ª série, última turma que a escola oferecia naquela época. Depois, ela passou a frequentar uma escola em Venâncio Aires. Em 1996, a professora retornou para a Emef Santo Antônio de Pádua para realizar o estágio do Magistério. Mais tarde, ela fez concurso público e foi nomeada para atuar como professora na escola Duque de Caxias, que também ficava localizada em Vila Santo Antônio. No ano em que a SAP foi municipalizada, foi transferida para o local junto dos estudantes da Duque de Caxias.

Susana Bogorny foi aluna da SAP e há 21 anos é professora na instituição de ensino (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Ela lembra que, naquele período, deu aula na Socersa e no ginásio, porque a escola ainda era pequena. Contudo, a cada ano eram construídas novas salas de aula, para que fosse possível atender um número maior de alunos. Para ela, dar aula na SAP significa alcançar uma meta. “O sonho de quem fazia Magistério era lecionar na escola onde estudou”, destaca. Já se passaram 21 anos desde o dia que Susana começou a dar aula na Emef Santo Antônio de Pádua. Atualmente, ela é professora do 1º ano do Ensino Fundamental.

Para ela, a escola é modelo para muitas instituições de ensino. “Nas competições de atletismo [realizadas na SAP], as pessoas que são de fora ficam maravilhadas com o tamanho. Estamos acostumados com uma escola grande e com espaço para as crianças brincarem”, destaca. Ela também ressalta o apoio por parte da Administração Municipal. “O que desejamos na escola, na medida do possível, a Prefeitura atende. Nunca trabalhei em outros municípios, mas as pessoas dizem que aqui é uma escola de primeiro mundo”, observa.

Ela também salienta o comprometimento e a união do grupo de trabalho e a participação das famílias nas atividades. “Nos preocupamos não só com o conhecimento, no caso de dar aulas, mas também com o lado afetivo do aluno.” A relação de Susana com a SAP também envolve as duas filhas. A mais velha já se despediu da escola e a caçula frequenta o 9º ano. “Fico muito feliz de contribuir para o progresso do Santo Antônio”, ressalta.

Estrutura e atividades

  • A Emef Santo Antônio de Pádua tem 13 salas de aula, biblioteca, auditório, refeitório, sala de recursos, laboratório de informática, consultório odontológico, laboratório de ciências, pista de atletismo, ginásio e quiosque da leitura, instalado no pátio.
  • Além disso, a área administrativa é composto pela secretaria e sala para direção, orientação e supervisão. Os profissionais têm à disposição dois ambientes – a sala do professores, usada durante os intervalos, e a sala de estudos.
  • Para os alunos do tempo integral, são ofertadas oficinais de recreação, inglês, artes, ciências, brincadeiras dirigidas, informática e musicalização. Aos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, a escola oferece atividades extracurriculares de danças rítmicas, danças gauchescas, oratório, xadrez, teatro, meio ambiente, artes e jogos.

Histórico

  1. Em 1941, foi criada a primeira escola comunitária, de madeira, na localidade de Vila Santo Antônio. O prédio foi construído no governo do prefeito de Venâncio Aires, Hermes Pereira, e as terras pertenciam à família Chaves. Maria Carolina Chaves foi a primeira professora, atuando durante 16 anos com uma turma de 45 alunos de 1ª a 4ª série.
  2. Depois de cerca de três anos fechada, a escola comunitária voltou a funcionar em 30 de março de 1960 com a professora Holdi Helena Stein Becker. A escola passou a ser estadual também em 1960, sendo acrescentada a 5ª série em 1965.
  3. Em dezembro de 1998, instituição de ensino foi municipalizada, na gestão do prefeito Carlos Alberto Bohn, e passou a se chamar Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo Antônio de Pádua. Ela se tornou escola polo e a ela foram nucleadas duas escolas municipais: a Duque de Caxias e a Felipe Camarão.
  4. Mais tarde, foi reativada a 5ª série e foram acrescentadas, sucessivamente, as demais séries, até completar o Ensino Fundamental. Em 2002, aconteceu a primeira conclusão de curso da 8ª série da escola.
  5. Em 2006, foi construída a pista de atletismo em uma área localizada nos fundos da SAP e que foi doada pela empresa Fynomate.

Fonte: Revista dos 50 anos da Emef Santo Antônio de Pádua

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