O que é a vitamina B12 e qual importância dela?

Você já ouviu falar em vitamina B12? A preocupação sobre os baixos níveis dessa substância no organismo tem crescido e cada vez tem sido mais comum as pessoas falarem sobre ela. Mas afinal, o que é essa vitamina e qual a importância dela para o organismo humano?

Segundo a médica Diana Ruaro, especialista em clínica médica e geriatria, a vitamina B12 é essencial para diversas funções do organismo e, além disso, tem várias ações no corpo humano. “As principais são a formação de células do sangue, o que envolve a produção dos glóbulos vermelhos. Ela faz parte da prevenção de um tipo muito importante de anemia, que chamamos de anemia megaloblástica. Quando se tem a deficiência da B12 essa doença pode aparecer”, explica.

De acordo com a geriatra, essa vitamina também é muito importante para o sistema nervoso. “Ela participa da manutenção de uma camada chamada bainha de mielina, que recobre os nervos e os neurônios. Assim, ela previne as doenças neurológicas e outros sintomas associados a elas, como formigamento das mãos e dos pés”, compartilha.

Nesse sentido, Diana também cita a perda de memória e a dificuldade de concentração. “Às vezes, nos níveis de vitamina B12 mais baixos, podemos até perceber sintomas depressivos e confusão mental, que estão associados a baixa de B12 severa”, acrescenta.

Grupos com maior propensão à deficiência de vitamina B12

Em relação aos grupos com maior propensão para apresentar deficiência de vitamina B12, a médica menciona as pessoas a partir dos 60 anos, que geralmente fazem parte de uma faixa etária considerada de risco. Além disso, vegetarianos, pessoas que realizaram cirurgia bariátrica, lactentes, crianças de mães vegetarianas e pessoas com doenças gastrointestinais e intestinais (doenças celíacas e a doença inflamatória intestinal, como a de Crohn) integram o grupo com maior necessidade de reposição.

Diana explica que no caso dos idosos isso acontece porque é comum que eles desenvolvam a gastrite atrófica, que prejudica a absorção da vitamina B12. “No caso dos vegetarianos é porque eles se alimentam só de vegetais e a reposição desta vitamina está deficiente porque ela é encontrada em fontes de alimento animal, como a carne bovina, peixe, ovos e até os derivados do leite”, explica.

No caso de pessoas que fizeram cirurgia bariátrica, a médica esclarece que há tendência de apresentar baixo nível dessa vitamina porque a absorção dela acontece no estômago. “Quem faz a cirurgia bariátrica vai retirar parte do estômago, então a absorção da B12 vai ficar prejudicada”, cita.

Quais sintomas ligam o alerta para a deficiência de vitamina B12?

• De acordo com a médica Diana Ruaro, devemos ficar atentos a alguns sintomas que podem ‘acender’ o alerta e demonstrar que os níveis de vitamina B12 estão baixos. Entre os principais relatados pelos pacientes estão fadiga (cansaço e fraqueza), formigamento das mãos e dos pés, alterações de memória, podendo acontecer até mesmo confusão mental, sinais e sintomas de depressão e mudanças de humor, por exemplo.

Como detectar a falta de vitamina B12

• Para checar os níveis de B12, é realizado um exame simples de sangue. O teste é solicitado quando os pacientes apresentam sintomas, com exceção dos grupos com maior propensão de desenvolverem a deficiência e que precisam dosar com mais regularidade.
• A frequência com que o exame é realizado depende de cada pessoa. No caso de pacientes considerados saudáveis, a dosagem pode ser feita uma vez por ano, junto dos demais exames de rotina.
• No caso dos pacientes do grupo de risco, a periodicidade será mais curta e o exame precisará ser realizado a cada seis meses.
• Segundo a geriatra Diana Ruaro, no caso dos pacientes que realizarem o exame de sangue e for detectada a deficiência da vitamina, é feita a suplementação para repor B12, a partir da indicação médica. “O novo exame vai ser feito em três meses”, observa.

Onde encontrar a vitamina B12?

A vitamina B12 não é produzida pelo nosso corpo, mas pode ser encontrada em alimentos de origem animal. Então, ela precisa ser obtida por meio da alimentação ou de suplementação. Segundo a nutricionista Bruna Neves, normalmente é possível atingir com facilidade a quantidade diária de vitamina B12 necessária através do consumo de alimentos como atum, salmão, ovos, carne bovina e leite. Entretanto, a dificuldade pode estar na absorção.

“Algumas pessoas são mais suscetíveis à deficiência de B12, especialmente quem faz uso de medicamentos que chamamos de redutores da bomba de prótons, como omeprazol e esomeprazol, que diminuem a produção do suco gástrico. Assim, consequentemente ingerimos a B12, mas não conseguimos extrair e não temos uma boa absorção”, explica a profissional.

Bruna ainda observa que durante muito tempo quando se falava em deficiência se pensava, principalmente, em pessoas veganas e vegetarianas. Segundo ela, esse público está sim em foco, porque não consome essa vitamina, mas não é apenas ele.

“Mas o que os estudos têm trazido de comparativo é que não tem uma diferença tão grande entre o consumo de alimentos ricos ou aquela pessoa que consome o alimento, mas não tem uma boa absorção. Ambos estão com o mesmo nível de deficiência”, esclarece. Por isso, a profissional ressalta que é importante que todos monitorem a vitamina B12, mesmo que consuma os alimentos e esteja se sentindo bem.

Bruna também alerta para outro assunto muito importante. “Uma vez que a B12 começa a diminuir na nossa corrente sanguínea, ela aumenta um outro marcador que se chama homocisteína e isso eleva o risco cardiovascular”, ressalta. A orientação é que quando realizar exame de sangue para medir a vitamina B12, também dose a homocisteína.

Entre as situações que podem ser causadas pelos altos índices de homocisteína estão Acidente Vascular Cerebral (AVC), demência, problemas cognitivos em idosos, complicações na gestação e problemas ósseos, por exemplo. “Uma série de complicações mais cardiovasculares podem acontecer com essa homocisteína alta e que se eleva quando a B12 cai”, comenta a nutricionista.

Suplementação de vitamina B12

• “Assim como para prevenir só o comer não é suficiente, embora seja muito importante, para corrigir o exame é preciso suplementar”, destaca a nutricionista Bruna Neves. Segundo ela, é muito importante entender porque a vitamina está baixa, para avaliar a causa da deficiência também. “Às vezes precisa mudar até mesmo a forma de suplementar. Se a pessoa estiver com alguma alteração gástrica não vai adiantar ela engolir o comprimido da vitamina. A suplementação vai ter que ser sublingual ou injetável”, exemplifica.