A estratégia agroecológica aponta um caminho concreto para promoção de uma tecnologia ecológica e adaptada para a pequena produção. Para produzir alimentos saudáveis, em terras sãs, segundo o técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Luís Antônio Marmitt, a manutenção da saúde do solo e da água deve ser a meta primordial do trabalho agrícola.
Uma importante forma de proteger o solo, sua umidade e a matéria orgânica, conforme o técnico, é fazer a cobertura morta. Com o tempo, continua ele, esta cobertura se decompõe, se transforma em nutrientes para o solo e aumenta a atividade biológica do solo. “Além da cobertura morta, o solo deve estar sempre coberto com plantações ou com vegetação nativa, que pode ser chamada de cobertura viva”, orienta.
Para um bom manejo ecológico do solo, Marmitt salienta que sempre é necessário haver adubação com matéria orgânica, que a ele retorna transformando-se em nutriente, o qual é assimilado pelas plantas, completando assim o ciclo da vida. “A natureza predominante, o número, as espécies e o grau de atividade dos agentes ativos da decomposição são consequências da qualidade e quantidade de materiais que servem de alimento, das condições físicas como a textura, estrutura e umidade e químicas, tais como quantidades de sais, nutrientes e fósforo encontrados nos solos”, observa.
Para que ocorra um equilíbrio no agroecossistema, o técnico ressalta que a diversificação e a interação de espécies animais e vegetais é de extrema importância. “A ausência de qualquer um de seus componentes pode acarretar um desequilíbrio ecológico”, alerta.
Marmitt acentua que outra vantagem da diversificação é que ocorre a ciclagem de nutrientes entre as diferentes espécies e, o consequente aproveitamento máximo dos recursos naturais. A diversificação de espécies em um agroecossistema, conforme Marmitt, pode ser feita pela rotação e consórcio de culturas, barreiras vegetais, adubação verde, integração da produção animal à vegetal e agrofloresta.
A rotação de culturas consiste em um planejamento racional de plantações diversas, alterando a distribuição no terreno em certa ordem e por determinado tempo. Marmitt explica que o consórcio de culturas é o plantio de diferentes espécies vegetais, simultaneamente sobre uma mesma área. Além da associação entre cultivos comerciais, o consórcio pode ser feito também com leguminosas para adubo verde e cultivos comerciais. “A adubação verde, além de fazer parte da diversificação de um agroecossistema, é um excelente adubo, pois além de proteger o solo, pode ser a ele incorporado”, observa. Quando a adubação verde é feita com leguminosas, o técnico diz que sua associação com bactérias do gênero rhizobium proporciona a fixação de nitrogênio do ar no solo, reduzindo o consumo de adubo sintético nitrogenado, e por consequência, a poluição do solo e água.
“A agroecologia não somente oferece produtos mais saudáveis e nutritivos, mas, também, não polui o meio ambiente, preservando os recursos naturais e sendo claramente mais sustentável do que os sistemas convencionais”, afirma Marmitt.